Os perigos do uso indiscriminado de medicamentos e da automedicação no Brasil
- Vanessa Aquino
- há 3 dias
- 4 min de leitura
A prática de se medicar por conta própria — ou seja, sem orientação de um profissional habilitado — é bastante comum no Brasil. Um estudo do Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontou que 77% dos brasileiros que tomaram medicamentos nos últimos seis meses se automedicaram.
Ainda assim, essa prática traz riscos importantes à saúde. Veja os principais deles:
Os principais riscos da automedicação
Dosagem, tratamento ou medicamento inadequadosAo se automedicar, a pessoa pode usar dose errada, medicação imprópria para o seu caso ou por tempo insuficiente (ou excessivo). No estudo da CFF, 57% dos que receberam prescrição já alteravam a posologia por conta própria. Esse tipo de comportamento pode levar a resultados terapêuticos insatisfatórios ou até ao agravamento da condição de saúde.
Efeitos adversos, interações medicamentosas e dependênciaMesmo medicamentos com “aparente segurança” trazem riscos — alergias, efeitos colaterais inesperados, interações com outros medicamentos que a pessoa já toma. Alguns medicamentos, especialmente os controlados, exigem monitoramento ou acompanhamento contínuo, o que não ocorre na automedicação.
Uso de antibióticos e resistência microbianaQuando antibióticos ou outros fármacos específicos são usados sem supervisão, há risco de tratamento inadequado, e isso favorece a resistência aos antimicrobianos — tema relevante de saúde pública.
Armazenamento inadequado e desperdícioMuitas famílias mantêm um estoque de remédios em casa com medicamentos vencidos, guardados em local impróprio (umidade, calor, acesso fácil para crianças) — o que pode comprometer a eficácia ou até aumentar o risco de acidentes. Além disso, o descarte incorreto de remédios tem impacto ambiental e de saúde pública.
Mascaramento de sintomas e auto diagnóstico erradoA automedicação muitas vezes resolve “temporariamente” um sintoma (como dor ou febre) sem tratar a causa. Isso atrasa o diagnóstico adequado e pode levar a complicações.
O que significa “uso racional” de medicamentos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e políticas nacionais de saúde, uso racional significa que os pacientes recebem medicamentos adequados às suas necessidades clínicas, em doses que atendam às suas necessidades individuais, durante o tempo necessário, ao menor custo possível.
Quando a automedicação ignora fatores como diagnóstico preciso, dose individualizada, acompanhamento ou monitoramento — estamos diante de uso indevido ou irracional.
A importância da atuação profissional e da farmácia de manipulação
Quando falamos de segurança e eficácia no tratamento medicamentoso, entram dois elementos que fazem toda a diferença: o profissional de saúde com quem você interage e o recurso de customização por meio de uma farmácia de manipulação — a chamada farmácia magistral — para adequar o medicamento à situação individual.
Por que vale destacar esse par profissional + farmácia magistral?
Porque o profissional qualificado (médico, farmacêutico ou equipe de saúde) atua como “filtro” essencial: ele avalia seu diagnóstico, considera seus outros medicamentos, suas comorbidades, sua idade, peso e estilo de vida. Sem isso, corre-se o risco de sub-tratar ou super-tratar, ou ainda usar algo que interaja negativamente com o que você já toma.
Porque a farmácia de manipulação, ao oferecer a personalização do medicamento — seja na dosagem, na forma de apresentação (xarope, cápsula, gel, etc.), na via de administração ou nos excipientes (ingredientes “inativos”) — permite um ajuste fino: o medicamento “se encaixa” melhor à sua necessidade, ao invés de você adaptar-se a algo padronizado. Essa personalização melhora a eficácia e reduz riscos indesejados.
Porque juntos eles promovem o uso mais racional e consciente do medicamento: com acompanhamento, você tem mais chance de usar o remédio no momento certo, na dose certa, pelo tempo certo — e com menor probabilidade de efeito adverso ou de uso indevido. Isso fortalece o que chamamos de “uso racional” de medicamentos.
Porque essa combinação ajuda a evitar os “atalhos” da automedicação — tomar algo por conta própria, sem profissionais, sem ajuste personalizado — que como vimos traz vários riscos (dose errada, interações, diagnóstico atrasado).
Alguns exemplos concretos de benefícios
Em pediatria, por exemplo, um medicamento manipulado pode ter sabor adaptado ou forma mais fácil de engolir, o que reduz rejeição e melhora adesão ao tratamento.
Para pessoas com alergias ou intolerâncias (lactose, glúten, corantes, etc.), a farmácia magistral pode remover ou reduzir componentes que geram desconforto ou risco.
Para quem tem várias doenças ou medicação múltipla, pode-se fazer fórmulas combinadas ou adaptadas, o que facilita o regime terapêutico.
Conclusão
A automedicação pode parecer uma solução rápida, mas é um atalho perigoso. O verdadeiro cuidado com a saúde começa com informação, acompanhamento e responsabilidade no uso de medicamentos.
💡 Cuide da sua saúde com segurança. Antes de tomar qualquer medicamento, consulte um profissional e opte por tratamentos personalizados na Naturativa. Seu corpo merece esse cuidado.
Fonte: CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO (CRF-SP). Pesquisa aponta que 77% dos brasileiros têm o hábito de se automedicar. São Paulo, 2024. Disponível em: https://portal.crfsp.org.br/noticias/10535-pesquisa-aponta-que-77-dos-brasileiros-tem-o-habito-de-se-automedicar.html.
HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN. Qual é o perigo da automedicação? Entenda os cuidados e riscos da prática. São Paulo, 2024. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/qual-e-o-perigo-da-automedicacao-entenda-os-cuidados-e-riscos-da-pratica/.
BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE (BVS/MS). Automedicação. Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/255_automedicacao.html.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB). Uso indiscriminado de medicamentos e automedicação no Brasil. João Pessoa, 2023. Disponível em: https://www.ufpb.br/cim/contents/noticias/uso-indiscriminado-de-medicamentos-e-automedicacao-no-brasil..
PFIZER BRASIL. Os riscos da automedicação. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/os-riscos-da-automedicacao
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEN). Lei determina realização de campanhas sobre riscos da automedicação. Brasília, 2024. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/lei-determina-realizacao-de-campanhas-sobre-riscos-da-automedicacao/.
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL (UNINTER). Automedicação se torna um problema de saúde pública. Curitiba, 2023. Disponível em: https://www.uninter.com/noticias/automedicacao-se-torna-um-problema-de-saude-publica.
RESEARCH, SOCIETY AND DEVELOPMENT JOURNAL. Automedicação: um problema de saúde pública. v. 13, n. 5, 2023. Disponível em: https://www.rsdjournal.org/rsd/article/download/48627/38270/499791.
PUBMED. Self-medication in Brazil: a public health concern. 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27982373/. .



Comentários